O método Braile
O alfabeto Braile contribuiu efetivamente para a comunicação entre cegos, pois aplica-se a qualquer língua, à estenografia e à música.
Ler no escuro. Quem já tentou sabe que é impossível. Mas foi exatamente a isso que um francês chamado Louis Braille dedicou a vida. Nascido em Coupvray, uma pequena aldeia nos arredores de Paris, em 1809, desde cedo ele mostrou muito interesse pelo trabalho do pai. Seus olhos azuis brilhavam de admiração ao vê-lo cortar, com extrema perícia, selas e arreios. Uma tarde, pouco depois de completar 3 anos, o menino começou a brincar na selaria do pai, cortando pequenas tiras de couro. De repente, uma sovela, instrumento usado para perfurar o couro, escapou-lhe da mão e atingiu o seu olho esquerdo. O resultado foi uma infecção que, seis meses depois, afetaria também o olho direito. Aos 5 anos, o garoto estava completamente cego.
A tragédia não o impediu, porém, de freqüentar a escola por dois anos e de se tornar ainda um aluno brilhante.
O método Barbier, também chamado escrita noturna, era um código de pontos e traços em relevo impressos também em papelão.
O braile é lido passando-se a ponta dos dedos sobre os sinais em relevo. Normalmente usa-se a mão direita, com um ou mais dedos, conforme a habilidade do leitor, enquanto a mão esquerda pocura o início da outra linha. O braile é subdividido em três graus: o grau 1 é a forma mais simples, em que se escreve letra por letra; o grau 2 é a forma abreviada, empregada para conjunções, preposições e pronomes mais comumente usados, como, por exemplo, mas, de, você e por que; abreviaturas ainda mais complexas, como para -ista, -mente e -da-de, formam o grau 3, que exige ótima memória e tato muito desenvolvido.
Essas abreviações são necessárias para reduzir o tamanho dos livros e permitir maior rapidez na leitura. Mesmo assim, os livros são bastante volumosos.
No Brasil, o método começou a ser adotado em 1856, e as duas únicas instituições que imprimem em braile são a Fundação para o Livro do Cego, de São Paulo, e o Instituto Benjamin Constant, do Rio de Janeiro: juntas editam cerca de 25 títulos por mês, num total de 4 mil volumes - aquém das necessidades. Por lei, são obrigadas a distribuí-los gratuitamente aos 750 mil cegos que se estima existirem no país.